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A diferença entre Autor e Eu Lírico

Na literatura, o “eu lírico” recebe diversas designações, como “sujeito lírico ou poético”, “eu poético” e “eu enunciador”. Esses termos dizem respeito àquele que é o narrador do poema, da história escrita, dos sentimentos expressos, especialmente do gênero lírico. Em outras palavras, a voz emanada por um poema é reconhecida como o “eu literário” do poema.

O texto poético deve apresentar características indispensáveis, tais como: subjetividade, emoção, lirismo, entre outras. É aí que se expressa o eu lírico, externando sentimentos, refletindo sobre memórias, ideias, etc.

O “eu” dos versos de um poema não é, necessariamente, o poeta! O poeta usa sua criatividade para dar vez a outras vozes que não a sua. A voz do poema pode ser, muitas vezes, o “eu” do personagem criado pelo autor.

Isso explica por que encontramos poetas usando eu lírico que não correspondem a quem eles são. Alguns exemplos são homens que escrevem poemas onde o eu é feminino.

O cantor, compositor e escritor brasileiro Chico Buarque de Hollanda fez isso em diversas canções que assinou. Veja abaixo um exemplo na letra de Folhetim:


Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim
E se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim

O eu lírico e o autor também podem divergir em nacionalidade. Digamos que você, brasileiro, escreva um poema exaltando a pátria do eu lírico, que é francês. Logo, terá que escrever um poema saudando a França, que não é seu país de origem, propriamente.

Entendeu? ;)
Então entendemos que o poeta nem sempre corresponde ao eu lírico. Dessa forma, separamos a pessoa física, real, da entidade fictícia.

É claro que mesmo um poema com eu lírico diferente do autor está permeada da subjetividade do seu criador.

Já o autor de uma obra é quem a idealizou e realizou, o seu escritor ou escritora. A ele se confere a autoria do texto, ou seja, da própria criação literária. O autor, enquanto criador de sua arte, pode criar não apenas um poema, como também a voz que se expressará nele. O eu lírico é, assim, um recurso da criatividade do autor.

O poeta português Fernando Pessoa é um exemplo disso. Seus heterônimos possuem cada um seu eu lírico próprio, sua história, e todos foram criados pelo mesmo autor, o poeta.

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