Antes de entrarmos no assunto, sobre os teóricos do Absolutismo europeu, vamos relembrar algumas das suas principais características, está bem?
Um dos pontos mais marcantes do Absolutismo foi, sem dúvida, a centralização do poder político nas mãos do rei, entre os séculos XVI e XVII. E foi a aliança entre os reis e a burguesia da época que tornou isso possível. Na época, as revoltas camponesas estavam estourando por toda a parte, devido a diminuição de oferta de alimentos, ocasionada pelas mudanças climáticas, provocando alta nos preços dos alimentos e desabastecimento do mercado (falta de mercadorias). Veio a fome, as doenças e, não bastasse, a peste negra, que matou milhares de pessoas em toda a Europa, o que também provocou falta de mão-de-obra para trabalhar nos campos.
Devido a essa conjuntura, que ficou conhecida como a Crise do Século XIV, os senhores feudais, donos das terras onde os camponeses praticavam a agricultura, passaram a cobrar impostos altíssimos, fazendo-os trabalhar até a exaustão. Em determinado momento, os camponeses se revoltaram. Passaram a invadir os castelos, matar e roubar tudo o que podiam. Diante disso, como os revoltosos estavam em muito maior número, a nobreza começou a temer pelos seus domínios, de perder o controle sobre suas propriedades.
E foi a partir daí que as elites proprietárias perceberam a necessidade de uma nova ordem política que, com os poderes centralizados, adquirisse autoridade suficiente para conter estas rebeliões. No caso da burguesia, estes queriam uma mudança da ordem econômica, pois sentiam seus negócios prejudicados devido a problemas do sistema, o que lhes impedia de ganhar mais dinheiro. Assim, ambos os grupos viram na centralização do poder uma resposta para suas necessidades. Dessa forma, os burgueses, em troca de expandirem os seus negócios, financiaram o processo da formação dos Estados Nacionais.
Também a Igreja Católica tinha interesses a defender, pois o Protestantismo estava se espalhando e, por essa razão, também colaboraram.
Assim, foi durante o período de formação dos Estados Nacionais, que surgiram os teóricos absolutistas que defendiam uma sociedade controlada por um único líder, no caso, o monarca, mostrando a importância da existência de um Estado forte para comandar e controlar o povo. Em outras palavras, os teóricos entraram em ação para "justificar" todo esse poder. Foram as ideias deles que sustentaram o poder absoluto das monarquias europeias durante, pelo menos, um século!
Dentre os teóricos do Absolutismo, quatro se destacaram:
> Nicolau Maquiavel (diplomata e historiador italiano): em seu mais famoso livro O Príncipe, defendia que o monarca deveria utilizar de qualquer meio, fosse lícito ou não, para manter o controle do seu reino. A frase que resume suas ideias é: "Os fins justificam os meios".
> Thomas Hobbes (matemático e filósofo inglês): ele dizia que o ser humano, no estado natural, é cruel e vingativo e, por isso, necessitaria de um governo forte e centralizado para manter o seu controle. A frase que resume suas ideias, publicada em seu livro Leviatã, é: "O homem é o lobo do homem".
> Jacques Bossuet (bispo e teólogo francês): foi ele o criador do argumento que o governo era divino e os reis recebiam o seu poder de Deus. Assim, desobedecer a autoridade real seria considerado um pecado mortal. Um dos reis que se valeu muito de suas ideias foi o monarca absolutista Luís XIV, que fez a seguinte declaração: "O Estado Sou Eu".
> Jean Bodin (jurista francês, membro do Parlamento e professor de Direito): da mesma forma que Bossuet, Bodin utilizava argumento religioso para justificar os super poderes do rei. Ele defendia que a soberania é um poder perpétuo e ilimitado. Sendo assim , as únicas limitações do soberano eram a lei divina e a lei natural.